domingo, 22 de agosto de 2010

CIRCULAÇÃO, GIRO E EMPREENDIMENTO

O conceito que existe sobre a circulação naturalmente é original da medicina, ciência que estuda, detecta e cura as doenças do ser humano.
O termo circulação é utilizado em larga forma para designar o processo de movimento do sangue no interior do corpo humano e a partir do século XVII mereceu maiores abordagens por parte dos estudiosos.
Logicamente, não conseguiria explicar a circulação sanguínea, em seu complexo processo, contido nas veias e artérias, como fez o fisiologista inglês Wiliam Harvey (1578 – 1657) ao antigo rei Carlos I da Espanha, e nem seria este o meu objetivo. Se o fizesse estaria ultrapassando os limites de minha gnose.
Mas do mesmo modo que existe um processo de circulação no organismo humano, existe um processo semelhante no organismo patrimonial.
A circulação no âmbito da ciência contábil é uma transformação derivada de um movimento, provocado por fenômenos da riqueza.
Ou seja, quando um elemento patrimonial se transforma em outro elemento, devido a um fenômeno contábil, está ocorrendo uma circulação.
Quando, por exemplo, o estoque é vendido à vista, está ocorrendo uma transformação derivada de um fenômeno, que provoca movimento.
Neste caso especifico, o estoque se transforma em numerário, pelas vendas, significando uma circulação.
Quanto mais circula um elemento, mais velocidade ele tem em seu movimento.
Maior circulação é sinal também, de maior “renovação” do elemento.
Como o patrimônio é estudado como se fosse um organismo “vivo” (e tal concepção não provém de mim, mas de grandes mestres da contabilidade entre eles, Coffy, Villa, Marchi, Rossi, Cerboni, Massa, Besta, Zappa, Checherelli, Amorim, Masi, D`auria, Herrmann Júnior, Pfaltzgraff, Vianna, Florentino, Koliver, Garcia, Sá, e muitos outros grandes nomes da contabilidade mundial), ele depende da circulação correta, nos seus “órgãos” e “funções” para sobreviver.
O fenômeno de circulação acontece em momentos diversos e de forma constante, até de forma imperceptível pela inteligência humana (quando realizamos o registro da riqueza, o fato há muito, já tinha ocorrido no patrimônio).
Quando o número de circulações, forma um conjunto, temos um outro fenômeno que se chama: Giro.
A circulação provoca o giro, como causa principal, e este em conjunto, atinge a outras circulações.
Não obstante, os fenômenos de circulação e giro são diferentes.
Mas ambos servem para averiguar a sanidade do patrimônio em funcionamento.
Os empreendimentos em geral, tanto os lucrativos (que são as empresas), como os idealísticos (que são as entidades), dependem do giro e circulação para a sobrevivência e prosperidade.
Recentemente, pesquisas diversas já comprovaram (basta verificar em jornais específicos de comercio, os jornais televisivos e as informações da internet), que a causa do definhamento da riqueza das células sociais, está também na ineficácia do capital de giro.
Isto que dizer que; na ausência da velocidade de circulação e giro, existe “falência” do ente-patrimonial.
Ora, se um organismo humano tiver ausência de circulação, a sua tendência é perder a vitalidade e “morrer”.
Do mesmo modo acontece no organismo patrimonial.
Como disse anteriormente, o patrimônio é como se fosse um organismo vivo, tal mentalidade já muito antes era pregada por Giovanni Rossi em sua obra: “L`ente econômico-amministrativo” do século XIX, que cabe a mim destacar o valor deste importante mestre á contabilidade( mesmo em épocas em que a contabilidade estava atada aos aspectos jurídicos).
O saudoso e emérito professor Francisco D`auria, já dizia que no organismo administrativo, existe uma “patologia” e uma “terapêutica” que somente a ciência contábil poderia comprovar e transmitir (pois, esta é a finalidade de nosso conhecimento).
Seria inequívoco ressaltar que uma grande parte, das patologias é provocada pela ausência da velocidade de circulação e giro no organismo administrativo.
Muito mais que informar ao fisco o que as empresas devem pagar periodicamente, deve-se também explicar aquilo que é fundamental na “vida” dos empreendimentos e obviamente, tais explicações abrangem os fenômenos de circulação e giro do capital.
As explicações dos fenômenos patrimoniais acabam sendo mais importantes do que o próprio ato de informar, pois, informações sem sentido ou sem “porquês”, praticamente não alcançam o escopo designado e não demonstram utilidade para a gestão e eficácia patrimonial.
Existe grande diferença entre informar e saber o que se pode extrair da informação.
Uma analise do capital de giro pode permitir decisões importantes para o crescimento da riqueza.
Contudo, para se analisar os fenômenos de circulação e giro dos empreendimentos é preciso ter uma cultura superior.
Os empresários, portanto, podem solicitar aos seus contadores, orientações especiais para a sanidade patrimonial, orientações estas, também concernentes à circulação dos valores e giro do capital, pois, estes fenômenos também transmitem a vitalidade para a riqueza.
Um conselho básico para a ação dos administradores, decisão dos empresários e conhecimento do leitor, no controle do capital de giro é evitar proporções exageradas de investimento.
Por exemplo, o excesso de estoques e de créditos, pode muitas vezes, prejudicar o giro da riqueza (mas nem sempre isto acontece, cabe, portanto, aos empresários consultarem os “médicos” do seu empreendimento, para saberem a medida correta de investimento e a correta capacidade circulatório do seu patrimônio).
Cada caso é um caso e tudo deve ser observado com extrema relatividade.
A circulação e o giro são fenômenos importantes, impreteríveis e imprescindíveis, para a sanidade e prosperidade da riqueza das células sociais.
Portanto, para que o empreendimento exista e perdure, ele depende da eficácia de circulação e giro do capital, fenômenos importantes da dinâmica patrimonial.

Cortesia do Prof. Rodrigo Antonio Chaves Da Silva
Docente da Univiçosa, Analista Patrimonial, membro da escola do Neopatrimonialismo, ganhador do prêmio internacional de análise financeira

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Empresário do setor contábil, Auditor e consultor de empresas. Este blog, tem o intuito de levar informações aos empresários em geral. As matérias aqui reproduzidas de outros autores, devem ter a permissão "politica de privacidade do autor"; não nos responsabilizamos por matérias não editadas por nós. Para fazer referencia as nossas noticias artigos e conteudo do blog, é permitida, desde que indicado a fonte.